11 agosto 2008

Estranho, eu não sou Hamlet - IV Festival Apartamento.







Sobre o Festival de Apartamento - algumas atualizações:

Nos dias que antecederam o Festival, eu, João e Isa tivemos encontros para iniciar os agenciamentos coletivos do Arquipélago através das articulações entre nossas ações individuais inscritas. O João com o Casulo nº 4, a Isa com o In progress e eu com Estranho, eu não sou Hamlet. Cada um expunha seus desejos e as tarefas que pretendia executar na noite - uma possível estrutura interna da ação, os objetos materiais e imaterias que estariam em jogo - e fomos debatendo como manter a porosidade em relação as ações um dos outros, ao espaço da festa, as pessoas e aos outros performeres presentes. De uma forma geral, os três estavam ja predispostos a realizar as performances de maneira estendida durante toda a noite, borrando os limites entre o fim e o início, o dentro e fora, o cotidiano da festa e os momentos das apresentações; transitando entre (in)visibilidade potenciais, editando os materiais no momento da ação, negociando, envolvendo os participantes nas decisões importantes, deixando o próprio fluxo ir mostrando os caminhos, passo a passo, procurando manter os corpos abertos ao vazio em potência do momento, o aqui e agora. Mesmo correndo o risco do caos e da desolução da própria sensação de que algo está sendo apresentado; optamos por tranzitar mais próximos da idéia de rito, de criação de uma possível zona de contágio, de fronteira, de emanação potencial de energias e, principalmente, de experiência auto-gerada coletivamente.

Meus objetivos foram o de continuar com os materiais que trabalhei durante a participação virtual no Drift Espanha, com as palavras para Hamlet escritas no corpo, experimentando desta vez a ação da escrita executada por outras pessoas. Estabeleci a relação entre esta escrita das palavras e meu corpo assumindo um 'striper' alongado no tempo; chegando na festa com uma roupa que cubria quase toda minha pele e retirando peças a partir da necessidade de espaço no corpo para novas palavras. Considerei este jogo com as palavras como um mote inicial também para desenvolver diálogos maiores onde tinha o as questões do Estranho (você se acha estranho? Você ja se sentiu estranho? O que há de estranho no mundo? Qual a coisa mais estranha que você ja fez por amor? e por ódio?)
e do Hamlet ( Você tem alguma palavra para Hamlet? Algo que você sempre quis dizer a ele ou que ele te lembre. Um recado? Um aviso? um conselho? Uma dica?) como geradores de espaço de contato com as pessoas.
Outro elemento material importante no desenvolvimento da ação foi a "Ofélia esquizo-analizada morre enforcada" -primeiro objeto (ainda em processo também) concebido e executado por mim e pelo Patrik, tendo Ofélia (principalmente a Ofélia de Miller) como inspiração. Ja estamos desenvolvendo esta parceria há algum tempo, coletando materias e elaborando a seguencia das treze 'cenas', ou objetos que pretendemos criar. A idéia é fazer como uma via-crucis-Ofélia, com as treze 'estações' de Ofélias suicidadas.


O joão resolveu atualizar o Casulo homenageando Marcel Duchamp e sua Rose Sélavy e Isa continuou sua pesquisa sobre corpo/terror, agora também Medusa e sobre a afetação do filme documetário brasileiro ônibus 174.

(texto em processo...)



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