14 novembro 2006

/estranho maceiَ - ! - (?)





Estranho, um cara comum - Primeiro caminho.
Na ladeira em frente a Catedral Matropolitana de Maceio/Al.
04 de maio de 2005
das 06h as 18hs
Imagens de Renata Voss



"Não dormi do dia três para o dia quatro de Maio, passei toda a noite chuvosa resolvendo detalhes do figurino e objetos.São quatro horas da manhã do dia quatro de maio de 2005, estou começando a trocar de roupa para fazer a apresentação da performance “Estranho, um cara comum”, no centro da cidade de Maceió, em frente à igreja da Catedral. O tempo está chuvoso, agora deu uma parada, mas estava chovendo forte, possivelmente vai chover durante o dia. Estou calmo, estou cansado, algumas dores no corpo, é isso...."
(...)
"A possibilidade de sentar na rua.
A arte como 'desculpa'.
A possibilidade de fazer isso.
Queria realmente acreditar que eu estou sentado aqui independente de eu estar fazendo uma performance ou não.
E eu realmente estou aqui.
Sentado.
Na rua. Sem desculpas"
(...)

"Acabei de ... fazer xixi nas calças.
No começo foi difícil relaxar, mas depois, achei interessante a ação, me diverti vendo o xixi descendo pela ladeira. Espero que realmente não me dê vontade de fazer coco, espero que meu corpo não chegue a tanto, mesmo.
(...)

Ações bem típicas: um carro parou, uma besta branca, com o vidro aberto, o cara olhou pra mim e depois virou a cara e fechou o vidro.
(...)

Fiquei pensando quase agora sobre arte, sobre o que a caracteriza. Mas não nos conceitos; assim: o que é além dos conceitos, pra fora dos conceitos? O que determina que uma coisa pode ser classificada como arte ou não?
As pessoas me olham sempre muito desconfiadas... muito desconfiadas..."


(...)

"Parou de chover faz uns cinco minutos. Está começando a esquentar, mas eu ainda estou com frio, a roupa toda molhada.
É internamente aconteceram muitas coisas comigo; a chuva foi um elemento surpresa decisivo, bastante significativo. Mudou meu estado físico, conseqüentemente mudou estado psicológico; me perguntei o que eu estava fazendo aqui, por que eu tava aqui, para que serve, enfim, se existe algum sentido, se não tem sentido e se é isso mesmo sem sentido e tudo bem. Encontrei alguns olhares que... Enfim, passamos um tempo nos olhando, algumas pessoas. Durante a chuva acabei me emocionando, tive uma sensação mesmo de sair do meu estado normal e alterar o meu estado de consciência mesmo."

(...)

Alguém comentou: “Eu queria muito saber o que é isso!”
São quase quatro horas, eu estou com muito sono, estou deitado de lado, dando umas cochiladas, o sono está brabo.


(...)


São mais ou menos umas quatro e meia da tarde, a cidade está começando a se acalmar, não chegou a fazer sol quente, mas esquentou um pouco, não choveu mais. O clima está brando, as pessoas estão saindo do centro, o movimento agora é de saída.
Eu estou com muito sono, e com fome. Muita coisa eu não gravei, vou ter que escrever. Muitas nuances, meu humor mudou muito, cheguei a ficar irritado, cheguei a me divertir muito, cheguei a ficar muito triste. Realmente foram muitas mudanças de humor.
Queria que seis horas chegasse logo. Queria ir pra casa, tomar banho tirar esse fedor de mijo, comer alguma coisa.

(...)

"Ai, meu deus, como eu estou cansado. Meu estômago chega está queimando... E esse cheiro de mijo que eu já não agüento mais. Falta muito. Ainda falta muito, mas foi muito bom.
Muitas coisas passaram pela minha cabeça, muitos olhares diferentes, muitas formas de se estranhar alguma coisa.
Estranhar como curiosidade.
Estranhar com desprezo.
Estranhar com afeto.
Estranhar com pena.
Estranhar com pânico.
Estranhar..."

(...)

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