Há um paradoxo: potencializando o ‘aqui-agora’, o encontro, o acontencimento, os corpos em relação, pretendemos fugir da nossa percepção cotidiana do tempo e do espaço, criando um ‘lugar’ que já foi ou ainda estar por vir. Passado ou futuro? Aqui ou alí? Eu ou o outro? Possibilidades virtuais em fluxo de atualização. Latência. Deslocamento.Transformação. Um salto. Um passo. Um sopro. Um som.
'Aquilo' é o que já está longe, e mesmo assim, queremos ir além de. O Inalcançável devir.
'Ir além' é não aceitar o imponderável, é a necessidade ontológica de continuar seguindo em frente, mesmo que por um caminho cheio de voltas e reviravoltas, curvas, desvios, atalhos. Afinal, não importa se estamos indo ou voltando, importa se manter em fluxo e continuar além.
*Linha de afetação:
"Isto de querer ser
Exatamente aquilo
Que a gente é
Ainda vai nos levar além"
"Sossega coração
Ainda não é hora
Perto do osso
A carne é mais gostosa"
“Na noite enorme
Tudo dorme
Menos teu nome”
"Não fosse isto
E era aquilo
Não foste tanto
E era quase"
"Apagar-me
Diluir-me
Desmanchar-me
Até que depois
De mim
De nós
De tudo
Não reste mais
Que o charme"
"Além daquilo" é um trabalho em processo que surgiu espontaneamente do reencontro de três amigos artistas: Flávio Rabelo, Lucas Valentim e Luciana Freire. A performance ocorreu durante o evento OVERDOSE realizado pelo SESC Alagoas em Maio de 2006. Agora, em 2007 o registro da apresentação foi tratado e editado com novas imagens produzidas por Luciana Freire, criando este primeiro vídeo do trabalho.
Este trabalho faz parte da rede de afetação que envolve esta minha atual pesquisa sobre o corpo em arte, especificamente no território da performance.
* haikais de Paulo Lemiski
17 dezembro 2007
além daquilo
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